sábado, abril 1

 

Entrelinhas de uma conversa aberta sobre a Exclusividade Sexual, Ciúme, Possessividade e Amor!

Estava a fazer uma pesquisa na net sobre a "(In)fidelidade Vs Exclusividade Sexual" para colocar no "blog"... quando encontro em online no MSN um amigo, e começamos a discutir o tema de uma forma interessante, que não resisti em divulgá-lo no "blog", com o consentimento dele. Então aqui vai:
Eclético: estou a pesquisar coisas para o meu blog sobre "(in)fidelidade Vs exclusividade sexual".
Paulo: qual é o teu ponto de vista sobre essa matéria?
Eclético: ahahah... depois lês no blog, mas tenho uma opinião muito pessoal sobre isso (fundamentada cientificamente).
Paulo: quando postares avisa, estou curioso...
Eclético: Se te consideras um “conservador”... és capaz de discordar, mas depois podes fazer um comentário... ehehehe... olha, estou a ler a entrevista deste site: http://www.terra.com.br/istoe/1883/1883_vermelhas_01.htm
segundo a opinião dela... parece que o sentido da "evolução"... é seguir a trajectória do "José Castelo Branco"... eheheheh
Paulo: Já li... heheh a entrevista é interessante. Mas convinhamos, o que a senhora diz não é nada de novo, o que acho interessante é lidar com o Amor, não com a infidelidade, ou seja, a atracção sexual é algo de banal quer estejamos numa relação ou não, mas é dificil aceitar que a pessoa que amamos não seja exclusiva sexualmente...
Eclético: pois... esse irá ser uma das questões que vou levantar no meu "blog"... será que numa relação de AMOR tem de existir "obrigatoriamente" exclusividade sexual? Ou será que a fidelidade é a mesma coisa que exclusividade sexual?
Paulo: sinceramente, acho que o grande dilema é entre esses dois "fenómenos"... ciúme, possessividade, é algo que nos é incutido. O Amor... é mais complicado definir a sua origem e o seu porquê.
Eclético: ou pode existir fidelidade sem exclusividade sexual? Fidelidade é a mesma coisa que honestidade?
Paulo: claro que pode existir.
Eclético: o ciúme e a possessividade são características que fazem parte da biologia do comportamento humano....podem é ser inibidas ou demasiado expressivas em função da influência do meio (cultura, valores, educação)
Paulo: mas essas características aplicam-se a vários aspectos, não só o sexual, à partida parece "pouco evoluído" eu ser possessivo em relação ao meu companheiro se eu ficar aborrecido por ele ir ao cinema com outra pessoa, por exemplo isso não acontece. Mas se ele tiver sexo com outra pessoa, isso irá incomodar-me. Serei pouco "evoluído"?
Eclético: O ser humano por natureza, e em afinidade com os outros animais não está "programado" geneticamente para a "exclusividade sexual", mas sim para a variabilidade... para a complexidade... portanto, o ser humano por não ser só um produto biológico, pode reprimir essa sua tendência “promíscua”, e "optar" pela exclusividade sexual...
Paulo: ok... Entendo e concordo. À partida não fomos feitos para a exclusividade. Estou COMPLETAMENTE de acordo. Mas os outros animais amam? Ou seja, será que os outros animais têm a capacidade de aprofundar um sentimento por outro animal que se equipare ao Amor?
Eclético: sim....podemos não atribuir a palavra "Amor" que é mais para os humanos... mas ligam-se por laços afectivos muito fortes... e conseguem ser mais verdadeiros e fieís na demonstração desse "afecto" que os ser humanos... tens o caso dos golfinhos, algumas aves (albatroz, cisnes), chimpazés... o próprio cão na relação com o Ser Humano!
Paulo: então achas que, independentemente de existir amor ou não, a repulsa que a maior parte das pessoas têm em relação à não exclusividade sexual (evitaremos, segundo a psicologia, o termo traição ou infidelidade) deve-se só ao ciúme e/ou possessividade?
Eclético: deve-se mais a uma construção social que nos foi incutida de forma (in)consciente pelas gerações anteriores... também podemos atribuir o ciúme e a possessividade excessiva, à expressão da insegurança que sentimos em relação ao outro... ao medo de o perder ou de sermos regeitados!
Paulo: mas disseste anteriormente que o ciúme e a posssessividade faz parte da biologia do ser humano. Sendo assim, será que vai mesmo desaparecer com as novas gerações?
Eclético: penso que racionalmente até é facil "compreender" a diversidade biológica e a tendência para a não exclusividade sexual da espécie humana... agora no plano emocional, as coisas podem ser mais complicadas em aceitar na prática....e é na divergência destas duas perspectivas, que cada um em função do padrão relacional com o qual mais se identifica, irá procurar a pessoa que também o aceita... O que disse anteriormente, é que o ciúme e a possessividade como características da biologia do comportamento humano, podem ser toleradas de acordo com o padrão convencionado culturalmente como um "ciúme / possessividade aceitável" ou "dentro da variância"... logo tudo aquilo que transgride essa "variância" pode ser considerado como "patológico" ou "desviante".
Paulo: mas acreditas que esse padrão vai ser alterado? Ou seja, vai ser menos aceite no futuro o ciúme?
Eclético: penso que o ciúme irá sempre existir... porque o enfoque está na diminuição da expressividade "destruidora" do ciúme...
Paulo: achas que por ser cada vez mais usual as pessoas terem “treesomes”, “swingers” e "orgias"... o ciúme vai ser menos presente nos Seres Humanos? Se calhar vai... se há uns anos atrás seria impensável uma mulher ir almoçar com um amigo e hoje é perfeitamente banal... ou quase no futuro o meu namorado não se vai ralar se eu for para a cama com outro casal... "o que fizeste hoje, Paulo?" ... "nada de especial, trabalhei, fui às compras ao Jumbo e depois fui para a cama com o Miguel e o João"!
Eclético: o ciúme é muitas vezes motivado pelo medo de perder alguém que julgamos nos ser totalmente exclusivo... ou propriedade nossa... ao mudarmos esse padrão de relacionamento... em que ninguém é de ninguém... e que o importante é "viver com aquela pessoa" e não "viver para aquela pessoa".
Paulo: tenho pensado bastante nisso ultimamente e tu consegues aplicar isso que acabaste de dizer à tua pessoa? O que gostava realmente saber é como interpretas o seguinte:
Eclético: Penso que tenho abertura "mental" para aceitar... agora vivê-lo em termos práticos, não sei... ainda não tive essa experiência... e penso que nem todas as pessoas estão preparadas para esse tipo de relacionamento. Como te disse, cada um tem o seu padrão relacional... mas claro que não somos imunes às influencias sociais do "politicamente correcto", mas acredito que um padrão relacional considerado hoje desviante, pode num futuro próximo ser considerado um padrão relacional de eleição!
Paulo: Ok... agora gostaria que comentasses o seguinte: Se eu estiver com uma pessoa por quem não estou apaixonado, aceito perfeitamente que ela tenha outros parceiros sexuais, assim como aceito sem quaisquer complexos que eu faça o mesmo. Mas eu próprio não me sinto atraído sexualmente por outras pessoas... essa exclusividade é mútua, e não é algo que sinta como obrigação... acontece! Como é que explicarias isso? Não sei se me fiz entender!
Eclético: sim...estou a compreender o teu ponto de vista.
Paulo: não tem a ver com o facto de sentir que esteja a agir de forma errada por sentir atracção por outras pessoas, é natural.... aliás, eu utilizo isso até como um barómetro da relação...
Eclético: Penso que quando duas pessoas estão realmente apaixonadas uma pela outra, e começam a construir uma relação de Amor mútuo, que envolve reciprocidade, respeito e confiança... é provável que queiram vivenciar essa experiência de partilha de uma forma exclusiva a todas as dimensões... mas como tudo na vida, o próprio Amor "exclusivo" comporta riscos, porque o equílibrio é sempre dinâmico... logo se não existir uma "dosagem" ou "espaço de manobra" nesse Amor, ele pode tornar-se "obsessivo" e "destruir" (transformar/dissolver) o próprio Amor... na sua outra face: o ódio!
Paulo: certo. Mas essa exclusividade, pelo menos no meu caso, não é consciente. Eu não vejo qualquer problema se eu ou o meu companheiro sentir atracção por outra pessoa. É banal! Mas o que acho curioso é que quando estou apaixonado esse tipo de atracção é inofensiva... e como te disse, não tem a ver com condicionalismos morais ou sociais, ou o que for... se eu sou um animal biologicamente programado para sentir atracção sexual por (quase) tudo o que se mexa e que seja do sexo masculino, porque é que isso não se mantém numa relação de Amor?
Eclético: muitas vezes as crenças que nos foram incutidas, nem sempre se expressam de forma "consciente"... elas estão tão enraizadas no nosso inconsciente, que nem nos apercebemos desse "condicionalismo"!
Paulo: talvez seja isso.... mas tenho as minhas dúvidas!!!
Eclético: é como a questão do "livre arbítrio"... será que ele existe? Será que quando julgamos que estamos a ter uma atitude ou comportamento de forma espontanea e voluntária, já não estamos a ser insconscientemente condicionados a fazê-lo dessa forma?
Como dizia o Damásio: "Se existo, logo penso..."
Paulo: se assim for, então sou um conservador inconsciente!
Eclético: somos um reflexo das representações sociais e culturais de gerações passadas... essa é a eternidade da espécie... pela força das crenças que supera a representatividade das gerações seguintes através da descendência biológica... no fundo tudo está interligado... tudo, é um Todo com múltiplas expressões... mas que faz parte do mesmo (In)consciente colectivo Posted by Picasa

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